Essa geração tem crescido a cada dia. No Twitter, eles já alcançam mais de 70 mil seguidores. No Facebook, são mais de 150 mil. Para ministrações e seminários, a agenda segue lotada e, para 2012, novos projetos surgem, inclusive parcerias com escolas.
Casado com Ângela Cristina, e pai de duas filhas, Ana Carolina e Milena, Pastor Nelson Junior trabalha com jovens e adolescentes há 20 anos e hoje ensina, através da própria vida e de suas ministrações, que “vale a pena esperar por aquilo que vai ser para sempre”.
Beatriz Teixeira
Falar sobre ‘esperar’ para uma geração tão apressada, ativa, acostumada ao imediatismo, é um grande desafio, não é mesmo?
Ninguém gosta de esperar. Ainda mais quando essa espera envolve uma terceira pessoa, porque a Segunda Pessoa é o Senhor. Então, temos três pessoas envolvidas. Por isso, a espera se torna um grande desafio.
Tem sido desafiador falar sobre o assunto, mas tenho visto que milhares de pessoas anseiam por isso, por um tempo novo em suas vidas emocionais e sentimentais, que preferem pagar o preço agora para não ter que pagar depois.
Assim que o Eu Escolhi Esperar surgiu no Twitter, conseguiu muitos seguidores. Hoje já são mais de 70 mil! Vocês esperavam um crescimento desse?
Jamais! Foi surpreendente. Mas pude ver com tudo isso que esta mobilização está na agenda de Deus para esta geração. As pessoas me perguntam ao que atribuo o sucesso do Eu Escolhi Esperar, e eu digo que, na verdade, é o contrário, o Eu Escolhi Esperar não é fruto do meu trabalho, é o reflexo de algo que Deus está fazendo há muito tempo nesta nação inteira, na vida de milhares de jovens. Eu me sinto um privilegiado, mas não é fruto do meu trabalho isolado.
A repercussão já foi abordada até pelos meios de comunicação seculares. Só que junto com o crescimento, vêm também as críticas. Como vocês têm lidado com isso?
Toda ação corresponde uma reação. Toda crítica é uma reação. E, pra gente, é combustível, aumenta a convicção de que estamos no rumo certo. Existem hoje no Twitter perfis criados como oposição, mas, no final, eles acabam divulgando a gente. Muitas pessoas, inclusive não-cristãs, acabam nos apoiando, principalmente os pais que monitoram seus filhos nas redes, porque temos um discurso para a família.
Além das redes sociais, como se desenvolve o trabalho do Eu Escolhi Esperar?
Nós temos o site que alimentamos diariamente com artigos que edificam, dão suporte, exortam essa geração que escolheu esperar. E, neste primeiro momento, temos os seminários que temos aproveitado para propagar os fundamentos da Mobilização Eu Escolhi Esperar. E temos outras ações que iniciaremos em 2012, que é a implantação da Mobilização dentro das congregações, das escolas. Hoje as escolas têm me convidado para dar palestras sobre sexualidade para os alunos.
A mobilização fala sobre esperar. Mas, como saber o momento de parar de esperar e ter a certeza de que o escolhido de Deus chegou?
Muitos cristãos esperam do Senhor alguém para suas vidas. Na verdade, precisamos passar por uma transformação de conceito sobre o que é esperar no Senhor. Esperar por alguém virou um jargão, um ‘estado civil’ na vida dos cristãos. Porém, na verdade, eles estão apenas esperando por alguém e não pelo cumprimento da vontade de Deus.
Uma coisa é você esperar por uma pessoa, outra coisa é você esperar na Pessoa de Deus. Parece que é a mesma coisa, mas são duas coisas completamente diferentes. O que eu tenho visto é que a grande maioria dos que esperam, esperam por alguém e não pela vontade de Deus. Quando você espera pelo cumprimento das promessas de Deus para sua vida, tudo fará um novo sentido.
A visão central do MIR é Família. Para nós, família é alvo da graça divina, projeto de Deus. Temos muito ensino sobre isso e seminários são realizados todo início de ano. Ensinamos, também, que o sexo é para o casamento. O senhor não acha que se todos se guardassem para o casamento a maioria das mazelas sociais, como gravidez indesejada, DST, divórcios, não existiria?
Eu não acho, tenho certeza! A sociedade prega liberdade sexual, mas liberdade sem responsabilidade não é liberdade, é libertinagem. E as consequências dessa falsa liberdade estão expostas e são a maior evidência de que o sexo foi criado apenas para um contexto: o casamento. Se as pessoas se guardassem para o casamento, não existiria gravidez na adolescência, Doenças Sexualmente Transmissíveis e um alto índice de divórcio.
Como este assunto tem sido ventilado em sua casa com suas filhas?
A informação hoje é rápida, acessível. Mais do que nunca, precisamos ensinar os valores de Deus para nossos filhos desde pequenos. Se deixarmos para depois, poderá ser tarde demais. Hoje em dia, muitas pessoas ficam perguntando para uma criança de 3 anos se ela já tem namorado na escola. Lá em casa, eu ensino o seguinte para minha filha de 4 anos: “Filha, se alguém te perguntar se você tem namorado, você faz assim: franze a testa, cruza os braços e responde ‘Criança não namora!”.
Um versículo muito usado pela mobilização é I Tessalonicenses 4:3-4, que a vontade de Deus é a nossa santificação. Como o senhor tem ministrado sobre santificação para jovens tão bombardeados pela imoralidade e por valores distorcidos deste mundo? Como eles têm recebido esse ensino?
A nossa primeira proposta é uma desconstrução dos conceitos errados sobre sexualidade e relacionamentos. O que eu tenho visto é que o comportamento sexual e emocional da grande parte dos jovens evangélicos no Brasil é o mesmo dos jovens não-cristãos. Precisamos de um choque de cultura, precisamos que a Igreja receba a influência da cultura que vem do céu. A Igreja precisa se libertar da cultura mundana sobre relacionamentos entre solteiros.
Deixe uma palavra específica para os jovens que estão firmes no propósito de esperar no Senhor o seu cônjuge.
A vida é feita de escolhas. Hoje você faz as suas escolhas, amanhã suas escolhas fazem você. Se você não escolhe, a vida vem e escolhe por você. Quando você não escolhe, na verdade, você já escolheu. Tenho aprendido que tudo chega com o tempo para quem sabe esperar. Tenho certeza de que vale a pena esperar por aquilo que vai ser para sempre!
