Publicado: 20.04.2013
Marco Feliciano: uma representação legítima
O Pastor e Deputado Federal Marco Feliciano assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias em Março deste ano e, desde lá, uma verdadeira guerra tem sido travada em nossa Nação no aspecto ideológico, mas, antes de tudo, no espiritual. Nesta entrevista esclarecedora, a Igreja é alertada a se posicionar, entendendo que Marco Feliciano é uma representação legal não apenas na esfera política, mas também eclesiástica. Fica também a chamada para que a Igreja busque conhecimento a fim de se politizar e unir forças na direção do resgate da Nação

 

Beatriz Teixeira

Edson Silva

 

Estamos vivendo um momento sui generis em nossa Nação que envolve duas realidades, a natural e a espiritual. Em meio a todo esse embate, o Pastor Silas Malafaia e diversas lideranças evangélicas estão se unindo para um protesto pacífico dia 05 de Junho em Brasília. Essa ação vem da liderança, mas como pessoa, como cristã, o que cada um pode fazer?

Você pode usar toda a sua mídia social, pegar tudo que ouviu aqui hoje e transferir para as pessoas que não conhecem o Evangelho. A mídia, nesses últimos 48 dias, pegou a minha vida e colocou em exposição de uma forma tendenciosa; eles me colocaram como estelionatário, homofóbico, racista, misógeno, e agora dizem que sou contra a igreja católica; eles não sabem o que fazer, porque não fui julgado em nenhum tribunal. Então, neste momento, eu estou sendo injustiçado. 

Se a Igreja comprar essa ideia e, como no evangelismo pessoal, conversar com as pessoas, dizendo para elas não falarem do que não conhecem, e mostrar a verdade, vamos conseguir, como num trabalho de formiguinha, desenvolver essa ideia de que o que está acontecendo é uma perseguição religiosa. Isso é um presságio, pois o que está acontecendo comigo agora pode acontecer no futuro com um padre, um pastor ou qualquer líder religioso que dá a sua opinião contra o movimento que hoje está contra mim.

 

Desde que o senhor assumiu a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, parece que só existe um assunto em pauta: a questão homoafetiva. O senhor poderia nos informar que outras abordagens são de responsabilidade dessa Comissão?

A Comissão sempre foi usada como pano de fundo para proteger essa comunidade, que realmente é minoria e tem seus direitos. Mas, eles não querem só os direitos, eles querem ser especiais, eles querem criar uma nova raça, além de homem e mulher. Durante esses 18 anos, a CDHM foi usada como quartel general deles. A ira é porque justo eu, que mais luto dentro da Câmara contra os projetos que vêm ferir a Constituição brasileira, acabo sendo indicado para a Comissão de Direitos Humanos. Isso foi um conflito, e eles não aceitaram de jeito nenhum. Existem, sim, outros assuntos, como os índios. Fazia 4 anos que os índios não tinham uma audiência pública na Comissão; eles pediam, mas ninguém cuidava disso. Temos no Brasil um problema com moradores de rua. Ninguém faz uma audiência pública ou um ato para saber por que as pessoas estão nessa condição, se eles têm um prato de comida por dia. Temos outra realidade triste: as meninas que são violentadas no Norte e Nordeste do país, e começam a vida de prostituição vendidas pelos pais e pelas mães com 8, 9 ou 10 anos de idade. Existem, sim, minorias que não têm vez nem voz, e essas minorias precisam ser ouvidas e assistidas dentro da CDHM. Tenho procurado fazer isso. Fizemos cinco sessões, dentre as quais uma foi impedida pelos ativistas, mas quatro funcionaram e já deram fruto. Então, há muita coisa boa para ser feita.

 

Como o senhor avalia a postura política da Igreja brasileira na atualidade, principalmente pelo fato de hoje sermos uma importante e robusta parcela da população brasileira?

Com raríssimas exceções, temos pouquíssimos líderes que são politizados. Os que colocaram a cara a bater nesse momento são líderes politizados, como o Apóstolo Renê Terra Nova, Pastor Silas Malafaia, Bispo Manoel Ferreira, que já foi Deputado Federal. Aqueles que conhecem a política e sabem do que ela trata, esses se posicionaram. O restante se escondeu, porque eles não querem falar de política, eles acham que política é coisa do diabo, e falaram tanto que era do diabo, que o diabo tomou posse de verdade. Nós precisamos limpar isso e, para tanto, é preciso politizar. Imagine que em 2010, logo depois que fui eleito Deputado Federal, eu recebi milhares de e-mails de pessoas de diversos estados dizendo que votaram em mim, mas aparecia outra foto na maquininha. Como a nomenclatura Deputado Federal fala da Federação, eles achavam que eu poderia receber votos do país inteiro. Todos do meu partido que tinham o número 2010 foram eleitos. Então, nosso povo não é politizado. Tiraram das escolas matérias como OSPB, EMC, matérias que deveriam voltar, porque nosso povo aprenderia qual a função de um deputado estadual, deputado federal, senador, e que o voto nacional somente para presidente da república. É preciso politizar o povo. É preciso ter fóruns, levantar grupos de jovens, como existe a UNE, para que pudessem debater o futuro. Nós vamos para o Céu, mas enquanto estivermos na Terra, temos que cuidar das coisas daqui.

 

Em sua entrevista à revista Veja, o senhor falou sobre a traição que sofreu no PT, mesmo tendo dado apoio a eles em 2010. O que podemos esperar para 2014?

Vou sentar com o meu grupo, as lideranças, aquelas que estão interessadas no assunto para discutirmos quais serão os critérios. Hoje eu tenho um pensamento diferente do que tinha. Fui procurado por um líder do PT para pedir que meus colegas Pastores não fizessem mais protestos, como fizeram nesses dias ao entrarem na Comissão de Constituição e Justiça pedindo a saída dos mensaleiros. Essa pessoa do PT que me procurou disse que não era todo o PT. Sabemos que o PT é um partido muito grande e eles têm dentro deles vários segmentos. Então eu disse: tirem os outros (porque esse pessoal que está me perseguindo é um grupo do PT). Então, eu vou pensar muito, e vou pedir para você me desculpar por não falar nada aqui agora, senão eu vou começar a ser perseguido antes da hora, ou receber propostas indecorosas antes da hora. Mas, 2014 vai ser uma surpresa!

 

Como enfrentar o desafio de apesar de vivermos em um estado laico, mantermos os nossos valores cristãos dentro da esfera política?

Uma vez politizado, você consegue separar estado de sociedade. A sociedade é antes do Estado. E antes da sociedade, vem a família. O Estado é a parte jurídica de uma Nação. Então, o Estado é laico, porque a jurisdição dele não é movida pela religião, mas a sociedade não é laica, a sociedade tem princípios que vêm da família, que é antes do Estado e da própria sociedade. Eu ando na berlinda, porque eu tenho dois livros que me guiam: a Bíblia e a Constituição. Mas a Constituição que temos nas mãos tem muitos pensamentos semelhantes aos da Bíblia, como o artigo 226, parágrafo 3, que afirma que a união estável só será transformada em união civil pela união de um homem e uma mulher. Quando uma pessoa fala sobre união estável de pessoas do mesmo sexo ou até união civil, eles estão rasgando a Constituição e agindo por jurisprudência. Para que isso se torne lei, é preciso passar pela Câmara Federal , ser votado um PEC, um projeto de emenda constitucional, para que seja revista a constituição, e isso não foi feito. 

Então, há uma imposição de cima para baixo; eles querem colocar sobre nós o que chamo de liberdade sexual, mas a constituição me dá liberdade de consciência, e a liberdade de consciência vem antes da liberdade sexual, porque é primária e a outra é secundária; esse é nosso embate. Mas o assunto é tão nojento, que ninguém tem coragem de dar a cara a bater, porque quando dá a cara a bater, acontece o que aconteceu comigo. Dentro da Câmara dos Deputados, tenho 90% do apoio deles, mas quando peço para eles me defenderem, eles dizem que vão estar ao lado, torcendo, mas não vão se expor, senão vão sofrer. O outro grupo é organizado e é aí que eu digo que nós precisamos nos organizar também.