O Reino de Deus no ministério da adoração

on . Posted in Estudos para Pastores

“Porque o reino de Deus não é comida, nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.” (Romanos 14:17) 

Sempre é desafiador falar sobre o Reino de Deus.  Ao mesmo tempo que é simples,  torna-se complexo pela profundidade de cada declaração bíblica encontrada nas Escrituras. Em todo o ministério de Jesus, vemos sinais, prodígios e maravilhas, todos apontando para afirmações muito próprias da linguagem do Mashiach: É chegado o Reino de Deus!  Falar sobre o Reino de Deus é falar sobre a Pessoa que nos trouxe em Sua vida, não um discurso apenas, mas as marcas desse Reino. Um homem como nós, mas que venceu cada tentação, superou cada obstáculo, não Se vendeu nem Se rendeu às propostas deste mundo, mas subjugou cada uma delas, e nos ensinou o verdadeiro sentido e a essência do que é o Reino de Deus. 

Jesus é nosso maior exemplo de um Líder que cumpriu Sua chamada e não a negociou por absolutamente nada.  Foi tentado em tudo, mas não abriu mão da convicção que tinha quanto à Sua missão, e não pecou (Hebreus 4:15). Ele nos ensinou sobre a verdadeira adoração e o lugar onde se deve adorar. 

Como está nossa vida como adorador? Será que temos alcançado nossos objetivos como filhos de Deus nesse quesito, ou temos falhado?  Se temos falhado, como restaurar esse princípio que deveria ser tão natural na vida de todo crente? 

Começando com a afirmação: o Reino de Deus não é comida, somos levados diretamente a pensar sobre necessidades humanas.  Será que Jesus, realmente, queria nos falar sobre isso?  O mesmo Jesus que diz ‘o Reino de Deus não é comida’ nos mostra outro princípio: “...mas buscai em primeiro lugar o reino de Deus e todas as demais coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33). 

 Jesus está nos ensinando que, como adoradores, devemos entender a diferença na motivação do nosso coração.  Se fomos chamados para o ministério da adoração, não podemos cair na sedução de colocar necessidades em primeiro lugar.  Sempre vai haver gente querendo nos ensinar a fazer coisas que vão nos projetar mais no chamado ‘mercado da música gospel’, mas a pergunta é: Será que este realmente é o caminho?  

Entendo que, se o Reino de Deus não é comida, nem bebida, mas paz e alegria no Espírito Santo, então, esses devem ser os sentimentos envolvidos numa chamada.  Caso contrário, estaremos saindo do propósito principal que é o aumento do Reino de Deus.  Por outro lado, se buscamos o Reino em primeiro lugar, a Bíblia diz que “todas as coisas” nos serão acrescentadas. Cada uma das nossas necessidades será suprida.  Isso é maravilhoso! 

Vejo esse texto como uma bússola na vida dos adoradores. O que fazer, para onde ir?  Só Yeshua tem as palavras de vida.  Se queremos ver o Reino de Deus no ministério da adoração, então nossa dependência deve estar cem por cento em Deus. 

Outro momento muito lindo sobre o Reino de Deus e o adorador está no texto do Evangelho de João 4. Um texto clássico para todos os adoradores. Jesus está falando com uma mulher de Samaria. Dentro de um contexto judaico, vemos que até os dias de hoje, um judeu ortodoxo não se dirige a uma mulher que não seja a sua esposa. Eles não sentam no mesmo lugar e, se encontrarem uma mulher andando na rua em sua direção, mudam de lado.  

Lembro que vivi isso em Jerusalém há alguns anos. Precisei levar um bailarino da festa a um hospital, pois este estava com muitas dores musculares. Chegando ao hospital, que estava bem lotado, não havia muitos lugares na recepção. Percebi que havia dois lugares em um banco, e dois judeus ortodoxos conversavam em pé, mas não se sentaram no banco em que aquela mulher estava. De repente, ela foi chamada ao consultório, e logo os dois se direcionaram àquele banco e sentaram-se. Naquele momento, lembrei da mulher de Samaria. Os homens, ali no hospital, não falaram com aquela mulher, e era uma judia! E o que falar dos samaritanos que não tinham relacionamento com judeus?  Olhando para o texto da mulher de Samaria, vejo que muitas coisas foram vencidas ali. 

O Adorador vence a indiferença 

Jesus ensina que o adorador, no Reino de Deus, vence a indiferença, o preconceito. A mulher se aproxima dEle e Ele inicia um diálogo com ela.  Barreiras são quebradas se nós, como adoradores, vencemos a indiferença. O adorador vence a barreira da comunicação. 

O Adorador não olha para o natural, mas para o sobrenatural 

Jesus fala sobre a fonte de águas vivas, mas aquela mulher só conseguia ver o natural, pois só os nascidos do espírito veem o sobrenatural.  Ela não podia entender naquele momento as palavras do Mestre, mas, ainda assim, Ele insiste.  A mulher de Samaria só conseguiu ver as dificuldades, tais como: o poço é fundo, como tirar água, não existe um balde ou sequer um objeto para tirar água.  O adorador verdadeiro, que é o adorador no Reino de Deus, não se prende às dificuldades naturais.  Ele não se prende a situações que o impeçam de cumprir sua meta, mas ele olha com olhos espirituais e vê o que muitos não conseguem, pois ele vê no sobrenatural. 

O Adorador tem caráter profético 

Outro momento poderoso é quando Jesus, em Seu caráter profético, revela o histórico de vida daquela mulher.  Ela vivia à margem da sociedade por estar em adultério e ter tido vários maridos.  Como adoradores, Deus nos leva a uma unção profética.  Muitos cânticos entoados são cânticos de caráter profético.  Você já se deparou com um cântico que parece que foi feito para você, como se revelasse exatamente o momento que você está vivendo?  Isso é o caráter profético do adorador, isso é adoração no Reino de Deus.  Mas isso só vai acontecer com quem tiver intimidade com Deus. 

O Adorador leva o povo à Fonte de Águas Vivas 

Jesus não só nos ensina nesse contexto sobre vencer indiferenças, barreiras, preconceito, visão profética, mas nos mostra que a chamada e a missão de um adorador no Reino de Deus é levar o povo a uma fonte de águas limpas, sem contaminação. Como levar o povo às fontes de águas limpas? Não podemos contaminar a nossa essência.  Lembre-se do início desse artigo, o Reino de Deus não é comida.  Nossa essência não pode se misturar com as coisas deste mundo, ainda que estejamos no mundo.  Nossos olhos devem estar sempre em Deus! 

Quando trabalhamos num ministério eclesiástico, somos, no dia a dia, levados a olhar muito para o natural das pessoas. Vemos falhas, erros e começamos a julgar as pessoas e até deixar que um certo esfriamento chegue à nossa vida. Mas se nossos olhos estão em Deus, que é a Fonte limpa do Reino, nunca seremos contaminados. Sempre teremos uma porção de amor e misericórdia para com os fracos na fé.  Nosso julgamento sempre será pautado pelas palavras de Yeshua, e não nos tornaremos juízes dos nossos irmãos.  Isso é Reino de Deus, isso é manter a fonte sem contaminação, isso é manter a nossa essência limpa, “...pois o amor de Deus cobre uma multidão de pecados.” (I Pedro 4:8) 

Jesus ensinou àquela mulher sobre a verdadeira adoração, não com palavras bonitas, mas com Sua vida, com ações transparentes na direção de um resgate.  Somos verdadeiros adoradores?  Então, vamos viver a essência do Reino de Deus, pois o ministério da adoração só é completo se tocar em vidas. 

Apóstolo Gilmar Britto
MIR - Manaus/AM