O desafio do sacerdócio




Apóstolo Anselmo Vasconcelos

“O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos; a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; a ordenar acerca dos que choram em Sião que se lhes dê uma grinalda em vez de cinzas, óleo de gozo em vez de pranto, vestidos de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor, para que ele seja glorificado. E eles edificarão as antigas ruínas, levantarão as desolações de outrora, e restaurarão as cidades assoladas, as desolações de muitas gerações.” (Isaías 61:1-4)

Este é o legado que Jesus deixou para nós, sacerdotes. A função sacerdotal envolve: ensinar, instruir, libertar, consolar, edificar, restaurar. Como cumprir essa missão? Com poder, porque Ele deixou essa missão para nós.

“E dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência.” (Jeremias 3:15)

Deus dá sacerdotes para apascentar o Seu rebanho. O rebanho não é seu, é de Deus. Os discípulos são do Senhor e precisam de Pastores inteligentes e cheios de conhecimento.

“E eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e frutificarão, e se multiplicarão. E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor.” (Jeremias 23:3-4)

Essa é uma grande responsabilidade para pastores e sacerdotes. Aos sacerdotes, cabem todas essas funções e, para exercê-las, eles precisam estar com o mínimo de pendências nas emoções e sentimentos. Mas como tratar Pastores e sacerdotes? Quem vai tratá-los?

Quando vejo o tema Inteligência Emocional, pergunto por que precisamos estudar sobre tal assunto. Quando entrou a falta da Inteligência Emocional? No Jardim do Éden. O homem poderia comer de tudo, mas ele foi comer exatamente o que não deveria. A inteligência que vinha de cima foi rompida e entrou a síndrome de Lúcifer, do orgulho, da soberba, da presunção. E essa síndrome tem feito muitas divisões no meio da Igreja e atrapalhado o sacerdócio de muitos Pastores.

Nos sacerdotes, essa síndrome é muito presente. Homem, naturalmente, é orgulhoso, não quer receber ajuda, não quer se render para pedir ajuda. Quantas vezes, escuto alguns comentários de Pastores falando que não precisam de ajuda nem que alguém os ensine algo.

Temos que refletir em duas questões: Por que, como sacerdotes, temos tanta dificuldade para pedir socorro? E a quem pedir socorro? Em quem confiar?

Paralelamente a esse contexto, temos uma Visão crescendo no Brasil e nas nações, e Pastores sendo apresentados para serem ungidos. Mas, quem cuidou e tratou desses pastores na sua alma, nas suas mazelas? Quem lhes deu conhecimento necessário para pastorear as ovelhas do Senhor?

Jesus tratou os discípulos que Ele escolheu para serem Apóstolos. Ele os discipulou. Ao analisar os Evangelhos, você verá um pouco das personalidades e dos problemas visíveis em todos os Apóstolos. Você vai encontrar homens iracundos, competidores, inconstantes... Jesus foi limpando cada um deles e sabia que eles iam ficar limpos e tratados.

Jesus os tratou e nós, Apóstolos, estamos tratando o mínimo da alma desses Pastores? Procuramos saber a vida deles, a história familiar, para que eles sejam tratados para exercer o sacerdócio?

Para exercermos o sacerdócio com poder, precisamos de saúde emocional. Como está nossa alma, como estão nossos sentimentos e emoções?

Com quem os sacerdotes vão se tratar, porque nenhum chega pronto para sacerdócio. Na Visão, tem muitos líderes de célula querendo ser ungidos Pastores somente para ter seu próprio rebanho e, muitas vezes, para deixar a sua Igreja e fundar seu próprio ministério.

Muitas vezes ungimos Pastores sem ter conhecimento da sua vida, da história, sem tratá-los de verdade.

Pastores precisam formar no rebanho caráter de ovelha, porque somos rebanho do Senhor. Muitos estão dizendo para o rebanho ser como a águia. Temos que ser como a águia em algumas características, mas em outras, não. A Águia vive isolada, não sabe viver em equipe. Uma águia não faz ninho perto da outra. Águias voam alto, mas seu voo é solitário. Se ela encontra outra águia, elas se engalfinham no ar. Você precisa formar no seu rebanho o caráter de ovelhas, de pessoas dispostas a receber apascentamento.

Precisamos ter a consciência de que precisamos, ao ungir pastores novos, prepará-los antes em conhecimento e sabedoria para que as síndromes do inferno não sejam armas para destruir os sacerdotes.

Todas essas síndromes e desequilíbrios precisam ser removidos, de preferência antes da unção, mas se você já é um Pastor, um Apóstolo e ainda tem essas situações em você, esteja aberto ao tratamento. Quando isso vai acontecer? Quando você deixar! Você precisa romper com a soberba e o orgulho e deixar o Senhor tratar essas questões.

Infelizmente, muitos não querem mais procurar ajuda no discipulador, no Apóstolo, porque já sofreram nas mãos de pessoas que não agiram com ética e comentaram sua vida para outros ou foram julgados sem piedade.

Mas, quero alertá-lo que se você precisa de ajuda, não pense que você pode passar pela dificuldade sozinho, não tente bancar o super-herói, porque senão, quando você menos perceber, você estará no laço. O diabo não brinca com sacerdote, ele quer destruí-los. Procure ajuda!

Não fique com a síndrome do Éden, da soberba e do orgulho de não pedir ajuda, porque você precisa de ajuda. Se você está sendo tentado ao pecado, se você está com um desejo ardente de pecar, peça socorro! Vá com seu apóstolo, confesse seus sentimentos, seus desejos, e peça ajuda.

Apóstolos e Pastores, tenham sabedoria para ouvir seus liderados e não julguem seu discípulos se vier até você confessando algo. Olhe para o discípulo como se você estivesse olhando para você, porque você sabe que também precisa vencer muitas situações.

A rota para sermos tratados chama-se discipulado. Jesus nos cura por intermédio de outros, daqueles onde Ele fez morada. “Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” (Tiago 5:16)

Veja que você tem dois caminhos principais para ser curado: Em primeiro lugar, buscar ao Senhor e, em segundo lugar, procurar seu líder. Cristo nos ensina a entrar na presença do Pai constantemente. Antes de sair atrás dos livros de autoajuda, busque a ajuda que vem do Alto. O que Jesus mais nos ensinou na sua vida ministerial foi entrar na presença do Pai. Quantas vezes vemos, nos Evangelhos, o exemplo de Jesus mergulhado no Pai, em momentos a sós com o Pai.

Sacerdote, busque ao Senhor. Entre na presença do Pai veradeiramente. Busque a ajuda que vem do Alto e Ele vai socorrê-lo. O Senhor está à sua disposição a qulquer hora.

Mergulhe em Deus pela Palavra, pela oração, e, também, pelo discipulado e pelos superiores. Permanecer perto de uma bomba que está prestes a explodir sem pedir ajuda e socorro é estultícia e tolice. Não rejeite ajuda do seu discipulador, do seu Pastor, do seu Apóstolo. Não deixe a síndrome do orgulho e da soberba levar você para o laço do passarinheiro.

Entre na presença do Pai, busque ajuda do Senhor. Você é sacerdote, a responsabilidade de exercer a função sacerdotal é sua. Reconheça que você precisa do Senhor. Lance fora a soberba, o orgulho e a presunção para você exercer o sacerdócio no Senhor.

Reconheça as suas necessidades, peça ajuda ao Senhor e aos seus Apóstolos, e abra seu coração para compreender que precisa apascentar o rebanho com sabedoria, inteligência e com sensibilidade para não julgar nem colocar estigmas sobre seus discípulos.