Quando olhamos para a história de vida de Davi e Jônatas, percebemos Davi, como a figura do Messias, e Jônatas, nessa relação de amizade e de companheirismo, firmada em uma aliança, como a figura da Igreja.
“Vendo, pois, Davi, que Saul saíra à busca da sua vida, permaneceu no deserto de Zife, num bosque. Então se levantou Jônatas, filho de Saul, e foi para Davi no bosque, e confortou a sua mão em Deus; e disse-lhe: Não temas, que não te achará a mão de Saul, meu pai; porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei contigo o segundo; o que também Saul, meu pai, bem sabe. E ambos fizeram aliança perante o Senhor; Davi ficou no bosque, e Jônatas voltou para a sua casa.” (I Samuel 23:15-18)
O companheirismo entre Davi e Jônatas era firmado na aliança, mas livre de interesses pessoais. O que Jônatas ganhava em defender Davi com tanta intensidade? Nada. Pelo contrário, Saul, seu pai, era rei e Jônatas seria o próximo rei, quando o pai morresse ou ficasse velho demais.
Saul morrendo, Jônatas teria o trono. Mas ao lermos a história dele, vemos que ele decidiu olhar para a unção que Deus havia estabelecido e não para o curso natural das coisas. Aprendemos com o seu exemplo que:
· Precisamos respeitar a unção que está sobre o líder, mesmo que essa unção nos diminua.
· Devemos ter a humildade do Reino para olhar para a unção que Deus deu e tomar o princípio que diz para cada um considerar o seu irmão maior que si mesmo.
Jônatas foi fiel à aliança com Davi e teve a coragem de enfrentar uma hierarquia monárquica. Respeite a unção do outro, pois as heranças são diferentes. Seja como Jônatas que não colocou seu pai como empecilho, porque olhou para a unção de Deus. Na amizade verdadeira, o amigo é aquele que olha para o propósito de Deus e para a Sua unção.
O companheirismo nos leva a assumir as responsabilidades da aliança
Jônatas foi fiel a Davi por propósito divino e não por herança consanguínea. Mas, a aliança tem dois lados e Davi também foi fiel a Jônatas, através de Mefibosete. Quando Jônatas morreu, ele mandou procurar se havia alguma descendência do seu amigo.
Mefibosete estava sendo protegido, pois naquela época se matava o rei e toda a sua descendência. Quando Davi convidou Mefibosete para se assentar à sua mesa, o seu guardião ficou com medo. Mas, a intenção de Davi era honrar a aliança com seu amigo.
O filho de Jônatas, Mefibosete, veio e, ainda com medo, prostrou-se diante de Davi. O rei muito se alegrou por ver a face do filho de seu melhor amigo. Essa cena é uma figura de Deus com a Igreja.
O nome Mefibosete significa vergonha destruidora. Ele morava em Lo-Debar, que quer dizer sem pasto. Mas, a vergonha destruidora que está sem pasto, por causa da aliança, assentou-se à mesa do rei em Jerusalém – casa de paz e prosperidade. Então, mesmo que os seus discípulos estejam como vergonha destruidora e sem pasto, coloque-os para se assentarem à sua mesa. É assim que a graça de Deus nos trata e é assim que a aliança opera. Somos um povo de aliança e de excelência.
No lamento de Davi pelo rei Saul e seu amigo Jônatas, vemos o valor de uma aliança de companheirismo.
Quando uma aliança é verdadeira, as perdas são difíceis
Quando nós temos uma aliança e ficamos indiferentes às perdas, precisamos questionar essa aliança. Quando Saul e Jônatas morrem, Davi não diz: “Agora, minha unção, que era de direito, é de fato; meu caminho está limpo para o trono”. Sua postura foi de um homem de aliança e temente a Deus, como podemos ler em I Samuel 1:17-27.
Davi não se alegrou nem pela morte do rei, nem pela morte de Jônatas, que seria o sucessor legal. Davi lamentou a morte de ambos, porque era companheiro fiel, porque sabia o que era ter uma aliança. E não só ele chorou, como convocou todo o Israel para o lamento.
Nas células, queremos que discípulo e discipulador tenham esse nível de companheirismo e aliança, à medida que forem convivendo e se fortalecendo no Senhor. No discipulado, essa realidade só é possível quando contemplamos, vivemos, honramos a aliança e vemos as pessoas pela ótica da aliança, enxergando-as pela ótica de Deus.