Não seja “consumidor de marketing político”. Seja apenas eleitor

on . Posted in Estudos para Pastores

Mudar o nosso conceito sobre o voto não implica apenas em devassar a vida dos candidatos, mas também escapar dos truques do marketing político. Segundo a teoria, todo ser humano possui necessidades básicas e desejos (que devem vir depois). O marketing entra para bagunçar essa ordem de prioridades na cabeça do ser humano (rebatizado de "consumidor"). Pois é exatamente isso que o marketing político faz com a cabeça do eleitor. Trata-o como consumidor e coloca a satisfação de desejos pontuais à frente dos verdadeiros deveres e prioridades do serviço público. É dessa forma que as festas da cidade se tornam mais importantes do que o transporte público, do que o abastecimento de água ou o funcionamento do posto de saúde.

Desnecessário dizer que todo mundo um dia já foi enganado pelos truques do candidato do vídeo. Campanhas políticas trabalham a emoção do eleitor, usando metáforas simples, criando simbologias e fixando imagens no inconsciente coletivo. Ali o candidato tem o palco perfeito para o plantio e o cultivo de novas e velhas mentiras. Parafraseando Nelson Rodrigues, se os fatos estiverem contra o candidato, pior para os fatos. Não é por eles que o eleitor brasileiro faz suas escolhas. Na campanha, o que importa são os sonhos. E quanto mais personalista for a abordagem, maior o sucesso. Quem resiste a uma visita à modesta casa de uma beneficiada pelo programa assistencialista? Basta uma única família que se disponha a retribuir com lágrimas em frente às câmeras e o "confirma" nas urnas eletrônicas estará garantido.

Candidatos não "debatem ideias", como é hábito afirmar. Muito menos possuem "programa de governo". O que eles mostram é apenas o resultado de uma série de pesquisas qualitativas que captam qual será o sentimento que guiará o eleitorado naquele pleito. O suposto programa de governo que o candidato vende é, na verdade, um conjunto de ideias formuladas pela equipe de marketing da campanha. As campanhas são e continuarão sendo assim. Qualquer que seja a embalagem do candidato/produto, a mudança deve vir do lado de cá, de quem vota.

Nosso dever é deixar de enxergar o processo eleitoral do ponto de vista do "consumidor de marketing político". Devemos ser apenas eleitores. Eleitores com senso crítico, que desconfiam e questionam seus candidatos. Estou falando de gente que jamais votaria em Adail Pinheiro ou Fausto Souza (pegos numa série de denúncias escabrosas pela reportagem do Fantástico). E nem em Sarney, nem em Maluf, nem Collor, nem Renan Calheiros...

Numa cultura tão enraizada de submissão aos poderosos e de descaso com a coisa pública como a nossa, meu objetivo é criar uma ruptura de pensamento. Pelo menos dentro do universo em que milito. Meu sonho é conseguir trazê-los para o debate e a participação direta no processo político. Penso que quem negligencia o voto e despreza a política, acaba indiretamente dando um cheque em branco nas mãos do político ― e muitas vezes, a política volta para nos acertar com uma marretada na cabeça.

Da mesma forma que não se pode construir uma casa começando pelo telhado, assim também não se pode fazer qualquer formulação política ou ideológica sem antes conhecer noções básicas de cidadania, respeito ao espaço público e convívio em sociedade.

Assista ao vídeo “Como fazer uma propaganda eleitoral” clicando no link:

Pastor Nilmar Oliveira 

Facebook:  NilmarOliveiraOficial
Instagram: NilmarOliveiraOficial
Twitter:     @JoseNilmar
Email: This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.