O companheirismo no discipulado - Parte Final

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Texto: “Por esta causa vos mandei Timóteo, que é meu filho amado, e fiel no Senhor, o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo, como por toda a parte ensino em cada igreja.” (I Coríntios 4:17)

Verdade Central: O discipulado, como o nome mesmo diz, é ter discípulo ao lado, ou seja, caminhar em companheirismo. O discipulado é companheirismo, é compartilhar, pois não retém a sua formação para si só. O discipulador não é ermitão, solitário; não procura seus próprios interesses; não vive em soberba. É um ensinador, um incansável guia; é fôrma pronta para formar.

Introdução: O companheirismo é a ação de estar com o companheiro. Não é estar com alguém apenas, como dizem os dicionários, de uma forma superficial. Muitos podem estar com alguém apenas por estar, mas não haver entre ambos companheirismo.

 

A dimensão que você quiser para seus discípulos, você precisa primeiro ser. Você quer que seus discípulos deem a vida por você? Jesus, como Modelo que foi Fiel ao Pai, deu a vida e mostrou para nós que não era fácil. Ele sabia que veio à Terra para morrer, mas no exato momento de cumprir o propósito, perguntou ao Pai se não havia outro jeito.

Morrer não é fácil. Mas, o Bom Pastor dá a vida por Suas ovelhas. O bom discipulador deve dar a vida pelos seus discípulos. Em tudo, é o Mestre Jesus quem deve ser copiado e imitado. Em João 3:16, lemos: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Em I João 3:16, está escrito: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e nós devemos dar a vida pelos irmãos.” O Senhor nos deu o exemplo e devemos fazer a mesma coisa. Se quisermos ser companheiros, nossa vida deve ir junto. Precisamos, definitivamente, morrer.

 

3.2 Eliseu X Geazi – companheiro com propósito errado

Geazi tinha propósitos errados e agiu mal no evento da cura de Naamã. Nós não podemos caminhar com um companheiro com propósitos errados. Naamã era chefe do exército da Síria e, por lá, ficou sabendo que, em Israel, havia um profeta que operava milagres. Então, o rei da Síria enviou uma carta ao rei de Israel, dizendo que Naamã estava indo a Israel para ser curado da sua lepra.

O rei ficou desesperado e rasgou as suas vestes. Mas, Eliseu, o profeta, tranquilizou o coração do rei e disse que Naamã saberia que havia profeta em Israel. O rei de Israel não sabia que era Deus quem estava à frente. Podemos, muitas vezes, ser discipuladores, mas não sabermos que Deus está operando em nossa vida e, então, transformarmos aquilo em questão humana. Podemos até passar desnecessariamente uma humilhação.

Mas, o profeta Eliseu não se desesperou. Recebeu o chefe da guarda da Síria, que chegou todo presunçoso, mas ouviu uma ordem: Vai e mergulha sete vezes no Jordão. O Rio Jordão não podia ser comparado aos rios de Damasco, mas o Senhor queria mostrar que Ele não opera na arrogância, mas na humildade.

Era no Jordão, um rio pequeno, que Deus moveria o Seu sobrenatural. Naamã ofereceu a Eliseu dinheiro, mas ele recusou. Então, Geazi, companheiro de Eliseu, maquinou o mal em seu coração. Cuidado com a maquinação do seu coração, principalmente porque você é companheiro de profeta. Geazi voltou com Naamã, inventou uma mentira e pediu dinheiro e roupas em nome de Eliseu.

Depois de um milagre espetacular, o companheiro de Eliseu falha dessa forma, e ainda usa o nome do seu mestre. E quando Geazi volta, Eliseu faz a célebre pergunta: De onde você vem? Ele respondeu: De lugar algum. Mas Eliseu lhe disse que quando ele saiu, o seu coração foi junto.

Quando o discipulador é um com o discípulo, não fica nada escondido. Deus vê todas as coisas e, se somos íntimos do Senhor e andamos no sobrenatural, o Senhor nos entregará todas as coisas. O resultado de Geazi foi receber a lepra que estava em Naamã, porque agiu de má fé, caluniou, mentiu e arquitetou o mal contra a sua autoridade, tirando proveito da sua relação com o profeta para conseguir tesouros.

 

3.3 Eliseu X Seu Moço

O texto de II Reis 6:8-17 fala do moço de Eliseu. O texto não revela o nome, nem diz se era Geazi. Na época, Israel estava em guerra com a Síria e tudo o que a Síria planejava, Israel ficava sabendo por intermédio de Eliseu que revelava todas as coisas.

O rei da Síria pensava que existia algum espião em seu meio, até que alguém lhe disse que quem descobria os planos era o profeta Eliseu. Todo o exército da Síria se voltou contra Eliseu e, nesse momento, o moço do servo de Deus ficou desesperado. Eliseu, então, pediu que o Senhor abrisse os olhos do moço e, a partir daquele momento, o moço viu no sobrenatural.

Para seus discípulos verem, depende da sua intercessão por eles. Seu investimento de oração no sobrenatural para gerar o sobrenatural na vida dos discípulos é o que faz diferença. Na relação do discipulado, não permita que seus discípulos sejam cegos, que eles fiquem olhando as circunstâncias.

 

4. Davi X Jônatas – companheirismo firmado em uma aliança

Davi é a figura do Messias, e Jônatas, nessa relação de amizade, a figura da Igreja (I Samuel 20; 23:15-18). O companheirismo entre Davi e Jônatas era firmado na aliança, mas livre de interesses pessoais. O que Jônatas ganhava em defender Davi com tanta intensidade? Nada. Pelo contrário, Saul, pai de Jônatas, era rei.

Saul morrendo, Jônatas teria o trono. Mas ele decidiu olhar para a unção que Deus havia estabelecido. Precisamos respeitar a unção que está sobre o líder, mesmo que essa unção nos diminua. Devemos ter a humildade do Reino para olhar para a unção que Deus deu e tomar o princípio que diz para cada um considerar o seu irmão maior que si mesmo. Respeite a unção do outro, pois as heranças são diferentes.

Jônatas foi fiel à aliança com Davi e teve a coragem de enfrentar uma hierarquia monárquica. Ele não colocou seu pai como empecilho, porque olhou para a unção de Deus. O companheiro ideal olha para o propósito de Deus e para a Sua unção.

 

O companheirismo leva a assumirmos as responsabilidades da aliança

Jônatas foi fiel a Davi por propósito divino e não por herança co-sanguínea. Mas, a aliança tem dois lados e Davi também foi fiel a Jônatas, através de Mefibosete. Quando Jônatas morreu, ele mandou procurar se havia alguma descendência do seu amigo. Mefibosete estava sendo protegido, pois naquela época se matava o rei e toda a sua descendência. Quando Davi convidou Mefibosete para se assentar à sua mesa, o seu guardião ficou com medo. Mas, a intenção de Davi era honrar a aliança com seu amigo.

O filho de Jônatas, Mefibosete, veio e, ainda com medo, prostrou-se diante de Davi. O rei muito se alegrou por ver a face do filho de seu melhor amigo. Essa cena é uma figura de Deus com a Igreja.

O nome Mefibosete significa vergonha destruidora. Ele morava em Lo-Debar, que quer dizer sem pasto. Mas, a vergonha destruidora que está sem pasto, por causa da aliança, assentou-se à mesa do rei em Jerusalém – casa de paz e prosperidade. Então, mesmo que os seus discípulos estejam como vergonha destruidora e sem pasto, coloque-os para se assentarem à sua mesa. É assim que a graça de Deus nos trata e é assim que a aliança opera. Somos um povo de aliança e de excelência.

No lamento de Davi pelo rei Saul e seu amigo Jônatas, vemos o valor de uma aliança de companheirismo.

 

Quando uma aliança é verdadeira, as perdas são difíceis

Quando nós temos uma aliança e ficamos indiferentes às perdas, precisamos questionar essa aliança. Quando Saul e Jônatas morrem, Davi não diz: Agora minha unção que era de direito, é de fato; meu caminho está limpo para o trono (I Samuel 1:17-27). Davi não se alegrou nem pela morte do rei, nem pela morte de Jônatas, que seria o sucessor legal. Davi lamentou a morte de ambos, porque era companheiro fiel, porque sabia o que era ter uma aliança. E não só ele chorou, como convocou todo o Israel para o lamento.

Esse companheirismo no discipulado, de discípulos e discipuladores só é possível se pudermos contemplar a aliança, viver a aliança, honrar a aliança e ver as pessoas pela ótica da aliança, pois quando olhamos assim, enxergamos pela ótica de Deus.